Viver bêbado e/ou drogado não é um sinal de força, é um sinal de fraqueza...Cadê aquela coragem de enfrentar a vida, o mundo de cabeça erguida? Cair e levantar consciente e sobriamente, lembrar de tudo, aprender com o mundo?


-Po**a nenhuma!!! - exclamou o estéril. Sem graça, sem cor, sem água, sem suor, sem saliva...engole a seco!




O bom e o gostoso da poesia é que nela você escreve o que quer, o que não quer, o que sente (ou ñ), o que deseja (ou ñ), o que te excita ( ou ñ), o que te (in) mobiliza sem se comprometer, sem necessariamente ser (in) verdade!




O amor é plural, é gigante, passível de ser distribuído...egoísta é o coração! Sem chances ( , ) não há vez!





No segundo dia de 2012 em Maceió, eu tive o prazer de conhecer o grande poeta Valter Di Lascio. Em diversos blogs é possível ler sobre esse homem, suas poesias, sua história e etc, mas pretendo mostrar aqui de uma forma singular e ao mesmo tempo plural o trabalho desse cara.


Valter Di Lascio por ele mesmo:

"Pensei, que fosse fácil falar de Valter Di Lascio, mas não é, pela enésima vez que sento com caneta na mão para terminar a tarefa, dessa vez vai ou racha. Paulistano do bairro do bexiga, veio ao mundo há quase meio século, odiando tudo que lhe era imposto. Tentou terminar o curso de história pela Universidade Estadual Paulista (UNESP Assis), porém, por questões de chatice crônica do corpo acadêmico e pela sua rebeldia chutou o pau da barraca e sumiu.
Sempre foi solteiro, mesmo quando foi casado. Nunca se filiou a nada.
Fez vários cursos, dos quais não terminou nenhum. Vendedor ambulante, pintor de paredes, cozinheiro, barman, trapezista, idealista, fotógrafo, palmeirense, garçom, palhaço, por viver no mundo da lua foi convidado para integrar uma tripulação na Nasa, degustador profissional de cachaça e afins. Fiscal de botequim, poeta e andarilho. Membro da ADB - Associação dos Desocupados do Brasil, com sede em Brasília e membro da FPB - Federação dos Preguiçosos Brasileiros, cuja federação não tem sede em lugar nenhum, e por preguiça, a direção nunca fez reunião. E por fim, como dizia Torquato Neto : Fim de Papo "


Conversei uns 20 minutos com o Valter e posso garantir, ele surpreende...Ele tem barba de mendigo, cabelo de velho, caminhado de andarilho, voz de garoto, olhar sincero, boca de um escu(s)pidor de palavras, um poeta! Em suas falas poéticas e sinceras, transforma o banal em extraordinário e perceptível, suga dos outros, risadas engasgadas e olhares tímidos, verdades reprimidas, vontades enjauladas... Expõe a realidade, nua e crua, contemplável e lamentável, sustentável e insuportável assim... os dois lados da moeda!!

Pedras e Blindados ( Valter Di Lascio )

"Pedi a Helen que se acalmasse
Se ocultar é a lei
Não podemos expor nossas cabeças à baioneta do inimigo
Eles desejam nos desarmar e nos aniquilar
Andamos feito gatos em guetos esgueirando pelos cantos
Ainda sentíamos nas vestes o cheiro do gás
Na mochila, um arsenal e um livro de Maiakowisck
Na cidade vazia, uma população escondida e amedrontada
Ao chegarmos trancamos a porta
Nossa casa dava-nos uma falsa sensação de segurança
Que no fundo sabíamos não ter mais
Foi quando nos despimos para o banho que notei em tuas costas, a marca da covardia da truculenta repressão
De manhã acordei com Helen chorando
Eu sabia que não era de dor
                           era raiva...ódio
Todo dia aqui e acolá
Surgindo mães chorando entes queridos e desaparecidos
A era da pedra, pedra contra blindado
Tropas de elite versus jovens idealistas
Cães famintos, latindo e legislando em causa própria
Enquanto seus subalternos jogam o lixo nos rios ou em alto mar...
ou então sangram o asfalto." ( Em:  BIS COITO COM CHAMPAGNE )
                     


Aos Seus Pés ( Valter Di Lascio )

"Emoção rara ao vê-los nus
Debaixo da mesa
A sandália ao lado
E seus pés namorando
Um sobre o outro
Numa carícia
Sem igual"  ( Em:  BIS COITO COM CHAMPAGNE ) 

E ele me disse: Você está apaixonada, mas você ainda não sabe, seus olhos me dizem isso...Para curar amor platônico, nada melhor que uma boa t....! hahahahahahhaha! Que eu e vcs, leitores tenham a sorte de encontrar esse cara mais vezes pelo mundo!


Um certo dia, uma mulher aparentemente forte e levemente sorridente caminhava pelas ruas da cidade, saltitava vez ou outra, pois evitava pisar em linhas (as que dividem os pisos ). Ao parar em um ponto de ônibus se deparou com um homem maltrapilho, fedorento e mal educado, pois, ele a encarou de uma forma desagradável e a culpou por  ter balançado um pouco o banco vermelho, velho e acabado do ponto de ônibus.
Após 30 min notou que ao seu lado oposto havia a presença de uma garota vistosa, cabelos soltos, olhar radiante e um sorriso extremamente fácil. A mulher que estava incomodada com a companhia daquele homem aparentemente desagradável, começou a perceber a polaridade daquele ponto de ônibus, pois logo quando chegou ali só havia notado a presença de alguém que a incomodava e que já estava transformando o dia em algo tempestuoso.
De repente algo cai sobre os pés da mulher, machucando-os e fazendo-a sentir bastante dor, mas ela estava distraída e não conseguiu ver de onde veio aquele treco pesado que caiu sobre seus pés. Furiosa, olhou de cara feia para o maltrapilho e cuspiu palavrões e o culpou por tamanha dor.
Novamente, sem perceber de primeira, notou uma gargalhada sussurrante e debochada a qual não saia da boca do homem "desagradável", foi a partir daí que a mulher virou-se e viu aquela garota bonita e sorridente, com as mãos sujas de terra e com a cara lavada e debochada, gargalhando do acontecido. Minutos depois a garota subiu em um ônibus, levando com ela todo o odor que pairava no ponto de ônibus, deixando bem claro de onde vinha a "fonte" da sensação de desconforto daquele local.
O homem levantou-se e apressada para pedir desculpas a mulher segurou-o pela mão, pediu perdão pela grosseria e desejou ao homem um ótimo dia. Calmo, deixou escapar um leve sorriso e disse: não precisa pedir desculpas, as pessoas costumam me tratar assim, porque não ligo a mínima para marcas de roupa, sapatos, enfim, não ligo para a aparência e a cada atitude de desprezo que recebo das pessoas, agradeço por não agir e não pensar da mesma forma que as mesmas, deste modo, aparentemente do nada, eu te agradeço por um favor que eu te fiz!